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Ação de Caiado ao lançar Mabel lembra Romário na Copa América/89

Imagens: Diário de Aparecida

O governador Ronaldo Caiado (UB) surpreendeu os pessimistas no meio político semana passada, ao convencer o presidente da Federação da Indústria (FIEG), Sandro Mabel, a sair candidato a prefeito em Goiânia, após uma sucessão de “nãos” do dirigente da entidade. A persistência de Caiado na busca do sim de Mabel lembra uma jogada do atacante Romário, ao evitar saída de bola numa partida na Copa América de 1989, no Brasil. O atacante correu em direção à bola no momento que ela já corria sobre a linha com a metade fora do campo. Para espanto de narradores e comentaristas da transmissão, o baixinho acreditou, evitou a saída e ainda encontrou espaço para chutar para o fundo da rede, para a alegria geral da torcida.

A exemplo do baixinho Romário na Copa América de 89, Caiado também acreditou que conseguiria quebrar a resistência do presidente da Fieg a sair candidato em 2024. O resultado da bela jogada na Copa América de 35 anos atrás, para Romário, foi a sua sua convocação para a Seleção Brasileira para a Copa do Mundo de 1990, na Itália, na qual marcou quatro gols.

Já com relação a Caiado, neste caso, foi uma vitória política ao obter a concordância de Mabel em se candidatar, enquanto que o resultado eleitoral nós só saberemos após a contagem dos votos da eleição. Mas já foi um passo importante ao escolher um bom candidato para a disputa pela sua base, mesmo diante da ausência de outras opções competitivas nos partidos do seu entorno.

Sandro Mabel, que começou militância como presidente da Associação Comercial e Industrial (Aciag) de Aparecida de Goiânia, no início da década de 80, foi deputado estadual, deputado federal por mais de um mandato, candidato a prefeito de Goiânia em 1992, quando foi derrotado pelo então candidato Darci Accorsi (PT), pai da atual pré-candidata Adriana Accorsi, contra a qual concorrerá nesta eleição.

Sandro Mabel já esteve no centro de algumas polêmicas ao longo de sua trajetória na militância política como suspeita de participar de um esquema de fraudes no Ibama, que segundo investigação, beneficiava donos de terra na Amazônia legal, que segundo a investigação, teria causado prejuízos de R$ 150 milhões. Mas segundo Mabel, nada ficou provado. Outro imbróglio em que o ex-deputado esteve envolvido ocorreu no salão verde da Câmara dos Deputados, quando “foi nocauteado” pelo então colega de bancada, Orcino Gonçalves (PMDB), por questão de ordem pessoal. É o que diz o contraponto da Coluna Painel, da Folha de São Paulo, do dia 03 de junho de 1998.

Do ponto de vista político, a candidatura de Sandro Mabel, em Goiânia, marca pontos positivos para o governador Ronaldo Caiado, dentre eles, o que dava conta de que outro agente já articulava para que o senador Vanderlan fosse escolhido candidato da base. Com a ação, Caiado acabou por aplicar um “nó na gravata” do senador Vanderlan Cardoso (PSD), que certamente não imaginava e nem gostaria de disputar eleição contra Mabel. É que ele (Vanderlan) foi levado para a política pelas mãos do ex-deputado, em 2004, quando foi eleito prefeito de Senador Canedo.

Em entrevista à jornalista Cileide Alves na CBN na tarde desta segunda-feira 1º/4, Cardoso disse que se sente à vontade para disputar contra o velho amigo que o levou para política. O senador considerou as pressões por alianças e composições entre os partidos. Mas negou possibilidade de aliança com Mabel, com quem deverá se reunir na tarde desta terça-feira em Goiânia, para discutir temas relacionados com a campanha. Segundo o senador, só o povo tem legitimidade para convencê-lo a desistir de concorrer para compor com outro projeto. A 1ª conversa entre eles deverá acontecer na tarde desta terça-feira 02/4, em Goiânia. O senador garantiu que não se incomoda com as pressões que poderão surgir por composição com este ou aquele partido.

Entretanto, as declarações do senador Vanderlan Cardoso agora, no calor do lançamento da candidatura de Sandro Mabel não poderiam ser muito diferentes. Primeiro porque lhe ficaria mal se aderisse à campanha do concorrente logo após o anúncio feito pelo governador, no sábado. Em segundo, é que uma composição visando aliança política deve ser precedida de muitas conversas e articulações, como normalmente ocorre. Por último, é que falta ainda muito pelo menos quatro meses para que essas articulações se desenvolvam.

Tema indigesto ao PT

Mas o “nó de gravata” aplicado por Caiado não atingiu apenas o pescoço do senador Vanderlan, mas também o da pré-candidata Adriana Accorsi, que se quisesse, poderia criticar o ex-dono da fábrica das saborosas rosquinhas aromatizadas com baunilha, pela contribuição dada ao “mensalão”, 1º escândalo eclodido no 1º governo Lula. Mabel levou a proposta de adesão ao esquema a alguns parlamentares, a exemplo da então deputada Raquel Teixeira (PSDB), com o compromisso de votar favorável às matérias de interesse do Planalto, na Câmara. Naturalmente que, por razões óbvias, este tema vai passar distante do roteiro da campanha petista.

Mas é de se prever ainda que a campanha do candidato do PL – seja o deputado Gustavo Gayer ou o major Vitor Hugo -, muito provavelmente irá priorizar a campanha da candidata do PT, em suas críticas. É que os campanhas dos partidos de direita e centro-direita no estado são praticamente todos bolsonaristas.

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